MORTAGE
Agosto/2008
Falando
Entrevistei Raphael (vocal/baixo) e André (guita)
dessa banda de Thrash Metal de Campinas, e tivemos uma
conversa bem franca e esclarecedora!
1-
O que a gente sabe é que o Mortage existe desde
1998, procede....?
André: Essa parte da pergunta eu já
li... hahahaha
MIH: Eu quero saber por que nenhum dos fundadores estão
na banda hoje?
Raphael: Bom, começa porque dentre os que
a formaram, apenas alguns eram metal de verdade.
MIH: Quem são?
Raphael: Os únicos que eram metal de verdade
na banda era o Daniel, Adriano e o Helio. O resto era
comédia. Mas o Daniel saiu há pouco tempo...
um ano e pouco... e o que tem na banda hoje é o
que vale, porque o anterior pra gente nem existe.
MIH : E qual de vocês é o mais antigo?
Raphael: O Adriano.
2-
Quem insistiu para a banda continuar, e como foi?
Raphael: O Adriano, porque bem na época
da gravação do CD o Daniel saiu e o lançamento
do Cd já tava certo com a gravadora, aí
insistimos, e eu, Adriano e o André continuamos.
MIH : E qual o motivo da saída dele?
Raphael: Na época, ele (Daniel) não
queria mais tocar o que a gente toca, e decidiu partir
pra outra banda, e a gente respeitou.
3-
É verdade que vocês só lançaram
o primeiro CD depois de quase 5 anos de banda?
Raphael: É, porque mesmo apesar da banda
ter todo esse tempo, ela nunca foi uma banda uniforme...
só coisa de 3, 4 anos atrás que a banda
ficou mais banda assim....
MIH: Então vocês eram uma banda mais de brincadeira,
zoação?
Raphael: É... palhaçada!
4-
E onde o Mortage costumava se apresentar há 5,
10 anos?
Raphael: Praticamente nos mesmos lugares que existem
hoje. Sempre num lugar underground, onde alguém
organiza show em algum buraco, e chama as bandas e dá
alguma condição, o que rolar... tá
rolando.
5-
E a receptividade de anos atrás, continua a mesma
hoje?
Raphael: Na verdade, mudou, porque antigamente
era só patifaria, só bebedeira e hoje a
receptividade aumentou, porque hoje a gente leva mais
a sério, mais esquema de banda mesmo, não
é só droga e álcool. Então
hoje dá mais público nos shows, até
por causa do material que a gente tem gravado.
10- O Mortage sempre tocou músicas próprias?
Quem compunha ou compõe?
Raphael: Não, nem sempre, porque toda banda
começa tocando cover, até mesmo pra entrar
num sincronismo entre os músicos, e depois fomos
colocando nossas músicas show a show, mas algumas
músicas foram da primeira formação
e, na verdade, hoje a gente não toca mais nenhuma
música que foi gravada na demo, porque a gente
teve problema quando foi lançar o CD e a demo como
bônus, porque integrante passado se achava dono
da banda não quis liberar as músicas, apesar
das músicas serem legais, a gente não toca,
e não estamos nem aí!
André: E é ate uma espécie de ...
pô... pro pessoal que não conhece, conhecer
a fase antiga da banda, os caras não quiseram...
MIH :Então vocês não tocam essas músicas?
André: Pra gente não existe.
Raphael: Pra gente, essas músicas não
existem.
MIH : E alguma outra banda toca elas hoje?
Raphael: Nenhuma...
6-
E que tipo de mensagem vocês priorizam nas letras
de vocês?
Raphael: Na verdade a gente enfatiza o ser humano
como o câncer do mundo. Como o pior problema que
existe nisso que pode se chamar de Terra.
7-
Tem alguma coisa a ver com satanismo?
Raphael: Não, satanismo é comedia,
igual à Igreja
André: Somos contra qualquer tipo de religião.
Raphael: é... e satanismo é uma religião,
só que um “puxa o saco de Cristo” e
o outro “puxa o saco do capeta”... é
a mesma coisa!
MIH : E essas tatuagens satânicas que vocês
ostentam? (hahahahah)
Raphael: Não é ostentação,
é tipo gosto... tem gente que gosta de filme de
comédia e a gente gosta de filme de terror....
só isso.
8-
Onde vocês acham que a cena do Metal Extremo é
mais forte?
Raphael: Hoje em dia no Brasil inteiro, por causa
da divulgação, ter fácil acesso.
Apesar de a internet possibilitar a venda do CD, ela faz
com que as pessoas possam se conhecer também, aí
tem os 2 lados da moeda. Pra uma banda nova ela é
boa, mais pra frente quando a banda lançar o CD,
ai se ferra, vai ter que viver de show, mas o que vale
mesmo é a banda tocar ao vivo.
9-
Vocês são contra a divulgação
das músicas pela internet?
Raphael: Não! É legal isso!
MIH : E se vocês gravam um CD... disponibilizariam
todas as musicas pra download na internet?
Raphael: A gente não chegou a disponibilizar
o álbum inteiro, disponibilizamos 2 ou 3, aí
o restante fica por conta do pessoal comprar o CD, mas
teve uma ocasião em que uma pessoa chegou pra mim
e falou: “não vou comprar seu CD porque já
tem na internet”... ah... pra mim beleza, se a pessoa
curtiu foda-se, baixa tudo da internet e grava!
André: Mas a galera que quer apoiar a banda, compra
o CD! E tem bastante gente que apóia! Se o cara
quer baixar da internet, beleza, mas se quer apoiar a
banda , vai comprar mesmo.
10-
E por que vocês tocam pouco pela região?
Raphael: A gente leva na idéia de tocar
pouco mesmo porque às vezes eu até comento...
“banda de metal, não é banda baile”,
banda que toca muitas vezes no mesmo lugar é comédia...
parece banda de moleque... vai lá, toca uma vez
e passa o seu recado, depois de um tempo você toca
de novo. Tocar sempre a mesma coisa é idiotice
não tem sentido, nada a ver.
MIH: Acha que o público cansa?
Raphael: Ahh.. cansa né... é chato
né... eu não gosto de ver a mesma banda
tocando o mesmo set list em menos de 6 meses.
11-
Já sei que vocês têm a intenção
de gravar o segundo CD este ano ainda. Para quando é?
Adianta algo aí para a gente.
Raphael: Pro próximo mês é
provável! Já temos praticamente todas as
músicas prontas, tá tudo certo, a gente
tá só ensaiando, preparando pra gravar,
e logo o CD já estará pronto.
MIH : E qual é o nome do CD?
André: “Slave of Hypocrisy”
Raphael: A príncipio é “Slave of Hypocrisy”
e a gente até já disponibilizou ela.
12-
E com relação a tantas mudanças na
formação da banda, vocês acham que
afetou ou descaracterizou o trabalho da banda?
Raphael: Na verdade, no caso do Mortage, esse
monte de alteração fez com que a banda crescesse.
Porque, como eu disse antes, os primeiros integrantes
só faziam palhaçada. Hoje eu nem sei dos
caras, tão espalhados no mundo... sei lá
o que tão fazendo.. mas pra gente foi bom, porque
hoje a gente consegue tocar o que gosta... é a
melhor formação que a banda já teve..
13-
Vocês ficaram chateados de não terem participado
da final aqui do Wacken?
Raphael: Não, a gente não curte
esse tipo de evento! A gente gosta de evento underground,
o que justifica uma banda tocar é ela ter anos
de estrada, e dar o que falar... não simplesmente
tocar por tocar...
André: Sei lá, tipo, se for pra tocar em
evento grande, a gente teria que ser contratado, e não
tocar por votaçãozinha com juradinhos....
Raphael:... é, comédia, porque é
mó panelinha!!
14-
Vocês não acham que o fato das pessoas votarem,
não significa que elas gostam da banda?
André: O cara quando gosta mesmo, ele vai
assistir a banda onde ela for tocar...
Raphael: Não que eu menospreze, tinha banda que
até valia a pena assistir, mas não deveriam
se sujeitar a esse tipo de humilhação de
ficar tocando a troco de voto.
15-
O que vocês acham de “divulgar” uma
cena que o próprio nome já diz: é
UNDERGROUND?
Raphael: O problema do underground, é que
hoje em dia tudo é underground... qualquer coisa
virou underground... Pra mim o underground mesmo é
o modo de vida, é a escolha por aquela rotina...
não ser igual aos outros, ter sua vida diferenciada
por algum motivo, ou de ideal ou gosto.
MIH : Tá, mas a banda de vocês é uma
banda underground, vocês apóiam o fato dela
ser divulgada, que pessoas como nós da Metal Rise
levem o “underground” ao conhecimento de outras
pessoas que não tem muito acesso a esse tipo de
evento, o que vocês acham dessa divulgação?
Raphael: Sim... na verdade esse tipo de trabalho
é que faz com que o verdadeiro underground consiga
estar vivo até hoje. Zine, hoje em dia Web Zine,
a gente apóia, a gente não tá preocupado
com as revistas, até porque a gente sabe que essa
porra é tudo comercial. Inclusive tem uma revista
que se ofereceu pra comprar o nosso release, no sentido
de querer fazer a resenha, e fechar meia página
e bla bla bla..
André: mas eles só iam fazer isso se a gente
pagasse...
Raphael: então... várias bandas vão
continuar vivas e as revistas vão acabar, inclusive
no Brasil só tem uma que eu respeito, a Roadie
Crew.
16-
Qual a aspiração de vocês para o futuro
do Mortage?
Raphael: Pro futuro do Mortage espero que a gente
continue tocando, fazendo o que a gente gosta, o que fazemos
hoje... esse é o nosso futuro. Se a gente tiver
fazendo o que a gente faz hoje, tá ótimo.
André: Compondo e tocando!
Raphael: Sem nenhuma pretensão de nada!
MIH: Vocês não têm pretensão
de um dia tocar fora do país?
André: Se acontecer, beleza... se não
acontecer, a gente não vive em função
disso...
Raphael: A gente tá ligado que isso ai é
viajera, manja? Tem nego que tá no underground
achando que vai virar mainstream.. então é
uma antítese, manja?
André: Se acontecer, (um palpite...) uma coisa
que seja viável pra gente ir tocar pra fora e compense...
lógico que a gente vai, a gente só não
vai fazer o que faz muito nego aí que paga do bolso,
só pra falar que saiu do Brasil.
Raphael: é meu, tem muita banda que se sujeita
a ficar pagando pra fazer abertura de show, reseinha,
propagandinha... não adianta, porque se o povo
ver e tal... quando escuta num show, não vai gostar,
o negócio tem que ser bom, e se for bom, vai rolar...
teve uma banda de metal melódico, que não
lembro o nome, tão boa era a banda, que ficaram
em capa de revista por 4 meses, e quando foram tocar lá
no Rio de Janeiro... ‘nego’ vaiou, porque
a molecada era um bando de nada-a-ver.
17-
O que vocês acham que mantém o Mortage hoje,
mais forte do que era antes, na ativa ainda?
Raphael: A atual formação, que esta
assim há 2 anos, com a última entrada do
Bruno no lugar no Daniel, porque eu o Adriano e o André
já estávamos na banda há mais tempo.
18-
E você acha que depois de 10 anos de banda, vocês
conseguiram cativar o público? O público
de vocês de 10 anos atrás é o mesmo
de hoje?
Raphael: É e não é....
André: Alguns deixaram de acompanhar por causa
dos ex-integrantes. Os amigos e tal, aqueles que realmente
curtiam, continuam até hoje... e cada vez o pessoal
curte mais. A gente foi tocar em Atibaia, e tinha gente
lá que a gente já tinha visto em outros
shows.
Raphael: É engraçado... o cara ta numa cidade,
e a gente vai tocar em outra cidade ele ta lá de
novo, aí eu penso “ porra, já vi esse
cara...” aí a gente vai em outra cidade de
novo.. e ele continua lá! Hahahahaha...
19-
Como vocês reagem a críticas negativas?
Raphael:
Depende da crítica, se for uma crítica negativa
que tem sentido, é totalmente válida, agora
se for uma besteira, igual escreveram sobre a gente, que
o Mortage parecia com o Pantera, é totalmente ridículo.
MIH: Mas vocês pegam como aprendizado?
Raphael: Sim, se for positiva... mas se for negativa,
se fudeu né?... se a gente errou, tem que arrumar!
MIH: e nesse caso do cara que falou do Pantera?
Raphael: aí a gente só xingou ele,
o foda é que no caso de quem lê e acredita,
é horrível pra gente, porque a gente não
gosta do Pantera, então... comparar a gente com
uma banda que a gente não gosta é a pior
coisa que tem... principalmente por ser uma banda de “carçudo”
ainda... o que é pior..!
20-
Vocês têm alguma mensagem para passar para
a galera?
Raphael: Sei lá o que eu posso passar pro
povo... Seja menos ‘casca’ e sejam mais verdadeiros,
sejam menos idiotas, porque quem curte de verdade...
André: ...não precisa provar nada pra ninguém!
Raphael: não precisa provar nada pra ninguém!
Todo mundo tem o direito de ser moleque, louco quando
a gente vai curtir e fazer palhaçada, mas... agüentar
véio com idéia de moleque não dá!
21-
Próximo show tem data?
Raphael: Não, porque a gente tá
esperando terminar a gravação do CD... provavelmente
novembro... aí a gente faz no Hammer né?...
já que é tão difícil tocar
lá! Hahahahahahahahahahahahahahaha
Bom, agradeço a sinceridade e espontaneidade de
vocês, e a confiança no nosso site!
Recomendado!
MIH Pereira
Grupo Metal Rise
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