RICARDO
BOCCI
Julho/2009

Entrevistei
o vocalista do Viper, Ricardo Bocci, que veio a Campinas
(Hammer Rock Bar) dar
início à turnê solo ("My
Way Tour"), divulgando o lançamento
do single "My Way"
Olá
Ricardo, seja bem vindo de volta à cidade onde
você foi revelado como vocalista!
Aliás, vamos começar a entrevista falando
sobre sua vinda para Campinas (Ricardo nasceu em Santos).
Com quantos anos veio para cá?
RB - Vim para Campinas na época da UNICAMP.
Eu estava fazendo faculdade de Música (Composição),
em 2000 (há 9 anos), e eu vim para fazer a faculdade,
mas acabei me envolvendo com a banda Rei Lagarto, acabou
rolando isso no meio do caminho. E eu fiquei aqui em
Campinas até 2007.
Então
você fez faculdade de Composição?
RB - Sim, mas nem me formei, eu saí antes
para gravar o disco do Viper. Ou eu terminava a faculdade,
ou ia gravar lá em São Paulo. Mas eu ainda
posso terminar a faculdade, um dia que estiver mais
tranqüilo.
A galera de Campinas lembra com carinho de quando você
foi vocalista da banda Rei Lagarto, e gostaríamos
de saber quais são as suas recordações
daquela época.
RB - O Rei Lagarto foi a época que eu
pude pegar mais experiência de palco, antes de
entrar para o Viper. Então foi essencial, porque
toquei praticamente em todos os bares da região,
do interior... Foram muitos shows e a gente tocava vários
estilos, várias bandas, tinham muitos covers
de rock clássico, então para mim foi uma
escola para aprender sobre o rock’n roll, para
estudar melhor as músicas... Led Zeppelin, Black
Sabbath, Ozzy Osbourne, Guns’n Roses... As recordações
são muito boas, dos músicos, até
hoje a gente tem um ótimo relacionamento, somos
amigos, nos queremos muito bem e estamos sempre querendo
ajudar uns aos outros, então ficou uma grande
amizade daquela época até hoje, e tem
muita gente que ouvia o Rei Lagarto, que continua acompanhando
o meu trabalho, me dá apoio.
E com a entrada no Viper, o que mudou em sua vida?
RB - Eu tive que parar a faculdade, porque ou
eu continuava a faculdade ou gravava o disco, e não
dava, porque se eu faltasse às aulas com certeza
eu seria jubilado, então preferi cantar, fazer
a gravação, e depois eu voltaria... Fora
isso, mudou o direcionamento da minha carreira, porque
antes estava mais hard rock e depois começou
a ir mais para o metal, e começou a dar certo,
então acabei seguindo no heavy metal na minha
carreira solo também.
Você costuma dizer que o André Matos, que
foi seu professor de canto, é uma grande influência
para você. Queremos saber quais outros vocalistas
você admira?
RB - Gosto muito do Axl Rose, Freddy Mercury,
um dos melhores que já existiu, gosto do Bruce
Dickinson, Michael Kiske, Rob Halford, e o David Covardale
também é um cara que eu admiro muito.
E que bandas costuma escutar quando está na sua
casa, no carro...?
RB - Eu ouço muito as bandas novas, to
sempre pesquisando as bandas que estão começando,
de diferentes cidades, mesmo porque eu to tentando conhecer
pessoal para a gente tocar junto, fazer shows junto
com a minha banda própria. Além das clássicas
que eu sempre gostei como Metallica, Iron Maiden, Helloween,
Angra, o trabalho do André Matos, eu sempre to
ouvindo.
Numa
entrevista assim que você tinha entrado no Viper,
você disse que estava ouvindo Viper para decorar
as letras... agora já decorou, né... até
compôs algumas do último cd...
RB - Isso, Miles Away, Rising Sun, e a Chains
of My Life que era o bônus do Japão. A
gente vai tocar as 3 aqui hoje.
Passando
para o momento atual: como ocorreu a idéia de
gravar um trabalho solo, com seu nome?
RB - Quando o Viper resolveu dar uma parada
devido a muitos motivos, pensei “o que eu vou
fazer nesse meio tempo?”, e resolvi começar
a montar uma banda nova, mas comecei a ver que banda,
se não tá todo mundo no mesmo pique, na
mesma vibe, de compromisso, essas coisas, você
acaba atrasando a sua vida profissional, porque quando
sai um integrante, entra outro, é uma mudança
sempre radical, então achei melhor fazer um projeto
solo porque daí se muda guitarrista, se muda
baixista, não tem problema, porque o foco sou
eu. Então ninguém vai atrapalhar o meu
trabalho. Se a pessoa não puder, tiver outros
compromissos, eu acabo excluindo o músico, e
o trabalho continua em frente. Já numa banda
é muito complicado substituir alguém...
no Viper, para mudar do Val Santos para o Marcelo Mello
foi uma novela, tínhamos que mudar o website,
que a gente nem mudou porque ia custar uma grana violenta...
então para evitar esses problemas, preferi o
trabalho solo, porque quem puder trabalhar comigo e
estiver a fim, melhor... então facilitou nesse
lado, mas também a responsabilidade fica toda
nas minhas costas, está sendo um aprendizado.
Qual
sua expectativa para o início da turnê,
e como tem sido a receptividade dos fãs a My
Way?
RB - Tem muita gente falando bem, mas eu to
sentindo que eu preciso ainda divulgar mais, para que
mais pessoas conheçam pelo menos o trabalho.
Eu sei que isso é um trabalho a longo prazo,
mas pelo menos eu acho que to indo pelo caminho certo,
to tentando produzir da melhor maneira possível
tudo que eu for lançar, e vou sempre disponibilizar
para download gratuito, se eu gravar um álbum,
ele vai estar disponível gratuitamente, porque
para mim o mais importante é fazer shows, e se
a galera não conhecer o meu trabalho, eu não
vou conseguir fazer shows, por isso a divulgação
vai ser a base de tudo. Mas está sendo super
legal.
Fale
sobre a participação especial de Mark
Boals (Malmsteen, Royal Hunt), vocês já
se conheciam?
RB - Foi uma sugestão do Roy Z...
...
o produtor do single?
RB - É, ele mixou, mas trabalhou como
um produtor, porque entrou nessa parte de falar “acho
que seria legal fazer desse jeito”, e eu topei,
o cara é super experiente, confio 200% nele,
e acabou ficando muito legal, ele tinha razão
na participação do Mark Boals, e o Mark
Boals tinha ouvido a música, gostou, quis participar,
e isso para mim foi muito bom.
Um fato curioso é que quem gravou o single foi
um baterista japonês que você conheceu pela
internet. Tem a ver com o fato de o Viper ter muitos
fãs no Japão?
RB - O Viper já foi bem conhecido lá,
numa época, tem uma galera lá que conhece,
os 3 primeiros CDs foram lançados lá,
e o ao vivo no Japão também, só
que hoje em dia o Viper não é tão
conhecido... tem o pessoal das antigas, o pessoal das
bandas conhece o Viper, do Loudness, Black Japan, que
são as maiores bandas, então eles devem
recordar do Viper que foi uma grande sensação
na época. O Yuichi só ficou conhecendo
o Viper por mim, depois que eu entrei em contato com
ele. Então para mim vai ser um trabalho de tentar
reacender o interesse da galera lá no Japão
pelo meu trabalho solo e pelo Viper também...
porque a galera tá meio por fora.
Já começaram as gravações
do disco solo?
RB - Eu pretendo gravar um disco, mas não
sei quando vou fazer isso. Pelo menos a bateria eu tenho
que gravar antes do Yuichi voltar, ele ta com visto
de turista, vai voltar para o Japão em Agosto,
ou senão depois qualquer coisa ele grava de lá,
como fez na My Way.
E o Viper, vai voltar a fazer shows?
RB - Não sei ainda, não posso
dizer pelos outros, mas por mim, quando eles precisarem,
se eu não estiver ocupado com a carreira solo,
volto na hora.
O Dia do Rock, comemorado em 13 de julho, está
chegando. Como você vê a cena rock, principalmente
do heavy metal, no Brasil?
RB - A cena precisa se unir, as bandas precisam
ter mais união... porque a cena no Brasil parece
que desaqueceu diante das brigas que as grandes bandas
tiveram... várias divisões. Cada um foi
para um lado, várias vezes... Sepultura, Angra,
Shaman, teve muita discórdia, muita gente se
desentendendo, e isso deu uma enfraquecida no cenário
musical do Brasil, perdeu um pouco do prestígio
que tinha lá fora, por não conseguir ser
estável, que é uma qualidade muito importante
para qualquer pessoa que trabalha lá fora, que
queira contratar uma banda brasileira... uma gravadora,
produtora... se não for uma banda estável,
a galera não leva fé, então falta
ao pessoal aqui no Brasil voltar a tentar fazer o cenário
ficar forte, realmente sólido, e isso vai se
dar com essa integração com as bandas
novas.
Para terminar, gostaríamos de agradecer a entrevista,
desejar boa sorte nesse novo projeto, e pedimos que
deixe uma mensagem para seus fãs.
RB - Eu queria deixar uma mensagem para a galera
que o Ricardo Bocci tá a fim de tocar junto com
as bandas, de conhecer o som de todo mundo, de participar
de todos os eventos de metal, porque para mim o mais
importante, e para todo mundo que tá tocando
comigo, é conhecer as pessoas, conhecer as músicas,
a produção de todo mundo e participar,
mais do que colocar um ou outro num pedestal, achar
que é melhor do que os outros, não tem
disso, porque o cenário tem que crescer, ficar
forte e unido.
Valeu,
Ricardo!
Suzana
de Oliveira
Grupo Metal Rise