
Fate
Breed - Planeshift
Publicado em 15/06/2009
A
moçada do Planeshift liberou, em primeira mão
para o Metal Rise, a audição de seu álbum
de estréia "Fate Breed" - e o resultado me
agradou demais, mesmo eu não sendo exatamente fã
de prog metal, dada a qualidade do trabalho deste quinteto campineiro
ser de tão alto nível.
Começando
pelo lado técnico, a produção ficou a cargo
do Ricardo Piccoli, que cada dia mais firma seu nome entre os
melhores profissionais disponíveis no mercado: já
gravou inúmeras bandas da região (em estilos variados:
Ariel n' Caliban, Adramma, Thriven, Under Death, Kamala, o próprio
Laconist em que toco) em seu Piccoli Studio, e o resultado é
sempre de cair o queixo… produção cristalina
e pesadíssima, nivelamento perfeito, dá pra falar
fácil que é produtor gringo operando a mesa. A
parte gráfica, embora só tenha apreciado na tela
do PC pois não tenho CD prensado, é de autoria
do tecladista Kevin Fontolan: uma arte de bom gosto, capricho
e beleza ímpares - dá pra conferir uma amostra
disso no layout do MySpace da banda, e estas mesmas qualidades
se repetem em abundância quando se coloca o disquinho
pra rodar.
Como
disse na abertura da resenha, não sou fã do estilo
que o grupo domina, nem tenho condições da avaliar
tão a fundo quanto um expert em prog, mas coincidentemente
um fator ajudou muito na melhor assimilação
de suas músicas: fazia mais de mês que eu estava
escutando só metal extremo no PC do trampo, sem alternar
com estilos mais leves como normalmente faço, e meus
ouvidos andavam um tanto maltratados (no bom
sentido, claro). Assim sendo, os sons deles serviram pra eu
relaxar e poder desfrutar melhor a obra… são muitas
minúcias, abundância de arranjos caprichados, abordagens
que vão do instrumental puro e quase-baladas a sons de
fúria incontida.
Quem
já viu qualquer banda prog ao vivo sentiu que 2 características
imperam: desenvoltura instrumental apuradíssima e, se
não houver cuidado (o que geralmente acontece, infelizmente),
tédio devido à exibição gratuita
e desnecessária de técnica. Espertos, os caras
do Planeshift fazem bonito no 1º e passam beeeeem longe
do 2º, acredito até que por uma característica
marcante: não se metem a besta de fazer o que não
sabem, evitando escorregadas embaraçosas. No vocal, então,
isso é praticamente lei no Brasil: aparentemente, nunca
vão aprender que só existe UM Dickinson, UM Kiske,
UM André Matos, UM Coverdale. E,
justamente nessa, a belíssima voz de Eduardo Albert acerta
em cheio: seu timbre soa extremamente agradável aos ouvidos,
não se esganiça (apesar de atingir notas realmente
altas) e tem ótima pronúncia em inglês -
só por aí já ganham muito no diferencial,
pois o vocal invariavelmente arruina prog metal com chororôs
e gralhas arrogantes.
Além
de dominar a arte digital, o Kevin faz um trabalho não
menos que exemplar com suas camas de teclados, alternando com
sabedoria temas climáticos de fundo e soltando solos
afiados, complementando o desempenho sempre excepcional de Mike
Rossinholi nas seis cordas.
Gabriel Vacari na bateria e o baixista Jonathas Peschiera (que
parece muito mais à vontade aqui que no Exordium) formam
uma cozinha que agrada em cheio aos fãs de Dream Theater
e afins: mais quebradeira que
na Bolsa de Valores de NY em 1929, precisão e entrosamento
rítmicos muito fortes. Resumindo, é um time pra
ninguém botar defeito, demonstrando enorme técnica,
segurança - e o melhor, sem um pingo de pretensão.
As
9 faixas agradam em cheio, mas podem eventualmente cansar o
ouvinte regular - como eu, não acostumado com o estilo
- devido à sua grande extensão (a mais curta,
fora a intro, tem 5:14!): só que os
apreciadores de prog metal vão gozar litros com as músicas
apresentadas. Difícil apontar um destaque, mas a longa
faixa que dá título ao debut, "Blindfold"
e as duas partes de "Cage" têm um brilho peculiar.
Originalidade e talento a toda prova coroam este grande lançamento,
que desde já consta como item obrigatório entre
os
melhores plays de 2009, independente do gosto musical do leitor.
Recomendadíssimo a quem aprecia MÚSICA de verdade,
e não masturbação instrumental… vida
longa aos caras!
Faixas:
1. In This
Light (0:58)
2. Outcast (6:34)
3. Cage Pt.1: The Encounter (6:02)
4. Cage Pt.2: Serpents (7:02)
5. Death Of Our Days (5:14)
6. Blindfold (6:27)
7. My No (7:41)
8. Self Machinery (7:52)
9. Fate Breed (9:34)
Website
- http://www.myspace.com/planeshift
Glauco
Sarco
Grupo Metal Rise