19/02/2010
- Master, Predator, Coldblood, no Benjamin
Rock Bar
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O
ano começou causando taquicardia nos fãs
de Death Metal: ícones como Deicide, Cannibal
Corpse, Benediction, Nile, Suffocation e outros já
passaram ou têm datas próximas agendadas
para breve em nosso país. E entre estes desponta
o mais veterano, um dos pais bastardos do estilo –
o Master, fundado em Chicago (EUA, mas hoje radicado
na República Tcheca) pelo lendário baixista/vocalista
Paul Speckmann há nada menos que vinte e sete
anos atrás. Poucas vezes a expressão "old
school" foi usada com tanta propriedade!
Conforme muito bem documentado pela mídia sensacionalista
(até mesmo no exterior), a Masters Of Hate Tour
2010 sofreu um grave entrevero com a baixa dos ingleses
do After Death, que perdeu dois de seus integrantes
em um trágico incidente em Sergipe, no fim de
janeiro. Como é de se esperar, os abutres só
aparecem na hora que corpos aparecem, caso contrário
jornais e TVs de cadeia nacional jamais colocariam em
destaque esta turnê em horário nobre, como
ocorreu... mas convenhamos, até aí nada
de novo.
Uma das últimas etapas do giro nacional ocorreria
em Campinas, mas nosso tradicional local para tais celebrações,
o Hammer Rock Bar, infelizmente encontra-se com as portas
cerradas desde uma fiscalização "pente-fino"
que a prefeitura fez no mês passado, e que fechou
casas noturnas nos mais diversos segmentos. Enquanto
a situação não é normalizada,
shows têm migrado para outras casas e cidades
do interior – como neste caso, em que o velho
Benjamin, em Piracicaba, recebeu o evento.
Em um primeiro momento, o headbanger familiarizado com
o local deve, como eu, ter ficado com a pulga atrás
da orelha, dada a notória precariedade do equipamento
da casa. Será que ia dar certo, comportaria o
público, o som estaria legal, a divulgação
funcionaria com uma transferência tão em
cima da hora? Num daqueles raros casos em que tudo conspira
para dar certo, a resposta pra todas essas indagações
foi positiva, e o Benjamin Rock Bar (ou leia-se Baron
Von Causatan, o grande guerreiro que agenda a imensa
maioria dos eventos lá) nos proporcionou uma
noite de shows memoráveis e profissionalismo
exemplar.
A
noite começou com um pequeno atraso devido a
dificuldades técnicas, logo sanadas para que
o Coldblood adentrassem o palco. Fã confesso
do (agora) quarteto carioca, desde que adquiri seu excelente
CD e assisti sua abertura para o Cannibal Corpse em
2007, estava um pouco apreensivo para ver como se sairiam
com os substitutos do guitar/vocal Alan Silva. A surpresa
não poderia ter sido melhor: os guitars Julio
Cesar e Artur Círio (do Statik Majik, também
vocal) preencheram a lacuna com sobras, apoiados pela
sólida cozinha de Vitor Esteves (B) e M. Kult
(D), guerreiros com anos de estrada forjada no Metal
em bandas notórias como Mysteriis, Unearthly,
Darkest Hate Warfront entre outros.
Quem esteve no Hammer em 2007 lembra que eles tiveram
seu set severamente abreviado por problemas no baixo
do Vitor, mas nessa sexta tudo deu certo, e puderam
entregar um show à altura de suas composições:
sem nenhum cover, tocaram a maior parte das tijoladas
old school do "Under The Blade I Die", contando
com participação pra lá de entusiasmada
do público – algo que realmente me causou
grande satisfação, uma vez que na maior
parte das vezes as bandas de abertura são prejudicadas
pela apatia da platéia. Segurança total
no palco, energia absurda fluindo entre eles e o moshpit,
qualidade de som ótima: não tinha como
algo dar errado. Saíram, claro, vencedores e
ovacionados!
Pequeno
intervalo e os gaúchos do Predator, que têm
acompanhados os americanos durante todo o rolê
nacional, entraram no palco para mostrar serviço.
Tal qual na vez em que os assisti ano passado no Plebe,
em Indaiatuba, o trio pegou a audiência "quente"
e novamente matou a pau com suas músicas super
intrincadas, misturando partes de brutalidade incondicional
com cadência contagiante, que convidam ao headbanging
automático. O set foi, claro, baseado no seu
bom álbum de estréia "Homo Infimus",
lançado de forma totalmente independente em 2007,
mais uma execução estricnada de 'Troops
of Doom' do... bom, você está cansado de
saber quem. Além dos trampos nas 4 cordas do
Luciano Hoffmann, o destaque inquestionável foi
pro cavalo Roberto Ceccato, cujas porradas precisas,
velocíssimas e quebradas impressionam qualquer
baterista veterano!
Não
demora muito – ainda bem, porque a noite avançava
e o povo ainda estava num pique ótimo –
e os headliners entram no palco. Envergando uma barba
que mataria de inveja o Kerry King e os pessoal do ZZ
Top, o igualmente lendário mestre Speckmann começa
o show aos acordes de "Master", levando o
pessoal ao delírio. Foi aproximadamente uma hora
do mais puro Death Metal, tocando faixas desde o clássico
debute auto-intitulado até o mais recentes, deram
uma bela geral na carreira que já, já
alcança a assustadora marca de três décadas.
Chega a ser emocionante ver tanto "tiozinho do
Metal" (a média de idade do – considerável
até – público, não era nem
de longe baixa) agitando sem cansar com as pauladas
que Paul, Alex Nejezchleba (G) e Peter (D) apresentaram,
compensando com sobras tanto tempo de espera para presenciar
seu show. Apresentação ótima, em
que não demonstraram em nenhum momento o cansaço
que li em algumas resenhas desta tour Brasil afora.
Só acho válido deixar aqui um registro,
pra fechar de forma categórica essa resenha –
tomei a liberdade de "emprestar" essa foto
do Orkut do meu amigo Vitor (Coldblood), cuja legenda
resume tudo, com o perdão do palavrão
usado: 'HUMILDADE é a palavra. O que diferencia
os FODÕES dos fanfarrões. '.

Não deixe de assistir também ao vídeo
feito pela fotógrafa Sallua de Moura, com exclusividade
para o Metal Rise:
http://www.youtube.com/watch?v=8utPezKmYEQ
Glauco
"Sarco"
Grupo Metal Rise